1. |
Talento
03:57
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Talento
Embebedas-te com tal doce palavra
E adormeces nela
A tua vida torna-se uma ressaca
Elogio mimalho
Modesta, escondes a felicidade
“Ah diz a verdade!”
E rindo, danças no orvalho
Constipas-te e fazes uma pausa
E entretanto dá-te uma náusea
E lá se foi o talento pró caralho.
Não, não foi
Não sabes se foi,
Mas pensas que foi
E não te apetece descobrir, porque dói.
Ai dor do fracasso
Ai dor do passado
Aprisionada em sargaço.
Não podes fazer frente ao Fado
E foste assim,
Cresceste assim.
Mas vês outra coisa
E contas que a tua vida foi um jardim
Um jardim em que dançavas
E todas as flores se riam para ti
Escorriam néctar
Que tu lambias, eu vi
Eu vi, eu vejo
Constantemente pestanejo
Quando te foco a ti,
Espelho.
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2. |
Ópio, Absinto, Narguilé
04:02
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Ópio energizante
Faz-me voar, eu consigo
Escalada rumo a jusante,
O meu melhor amigo
Absinto elucidativo
Ébrio mais consciente
Viver contigo
Ser engolido pela serpente
Narguilé da sabedoria
Só nosso paradigma.
Isento de magia,
O tesouro deste lado da colina
Ópio, absinto, narguilé
Salvas-me das penitências do meu auto de fé
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3. |
Vindimas de Vinagre
03:44
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Fundição de almas
Incineração de corações
O maior bater de palmas
O sultão dos sultões.
Estrela cadente no alto
A ofuscar teus olhos,
Lágrima azul-cobalto
Ao cair nos escolhos
Jogo de apostas
Com o teu compadre.
Sonhos de derrotas
Vindimas de vinagre.
Carne para canhão,
O teu maior desejo.
Voar presa ao chão.
Ao sonho poder dar um beijo.
Água mole em pedra dura
Tanto bate até que fura.
Lágrima azul em pedra avermelhada
Muito semeias e não cultivas nada.
Transparecer virgindade,
O mais promíscuo.
Fecundar a sujidade
Que nunca tinha visto
Transtorno aprazível
Ou prazer atormentador
Se achas possível,
Amor
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4. |
Noite
03:46
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Momento do dia,
Penetração da noite.
A tua beleza vadia,
É-me um açoite.
Ver-te sem linhas
Ver-te inteira
Um todo de sombras
Que faíscam como lareira
Tocar-te fria e transpirar calor
Sinto a tua saliva esguia enquanto me lambes o suor
Abres portas
Que de dia não existem
Na luz mortas,
Em ti luminosas.
Provo-te com fome
E sabes-me a mim
Oh! Que bem que me sabes
Embora dura como marfim.
Essa tua energia que me consome
E essa confiança de quem não dorme
Deixas-me dançando, ainda que ajoelhado
Como eu queria deitar-me em pé ao teu lado
Nós somos tuas marionetas
E fartamo-nos de brincar contigo.
Fazes-nos voar entre as raquetes
Do tempo memorável e do tempo perdido.
Tu és de todos nós, tantos que até sufoco
Anda ouve a minha voz, Noite anda beber um copo.
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5. |
Noite II
04:00
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Noite, estás sozinha
Observo-te numa só
E vejo quebras
Não, não me metes dó
És a fantasia
De viver na fantasia
Desperto, mas alheio
E não consigo ver o que tens de feio
E tu dizes-me que é mentira
Sempre que te vejo,
Mas o Sol corre pelos meus olhos
E aí mostra que és a minha pira
Por isso é que és fria e quente
Fúnebre e contente
Envenenas-me a mente
Deixas-me alegre mas morrente
Noite, eu apanhei-te
Mas deixei que tu me apanhasses…
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CruzaMente Portugal
Os CruzaMente são uma banda residente em Vila do Conde. O acaso resulta de uma envolvência e partilha entre amigos que mais
tarde integra mais dois membros, fora desse círculo, constituindo assim a atual formação. A Condição dos CruzaMente é a fraternidade e o bem-estar, e a possibilidade de poder partilhar isso com um público envolvente.
Os temas dos CruzaMente são originais e em português.
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